
(Imagem: Os cientistas australianos Barry J. Marshall e J. Robin Warren)
Cientistas australianos tiveram pesquisa rejeitada e depois foram premiados pela descoberta
No Brasil estima-se que cerca de 80% da população sejam portadores da bactéria helicobacteria pylori, associada à doenças como gastrite e úlcera. A descoberta dessa bactéria foi essencial para o avanço no tratamento das doenças e na prevenção do câncer gástrico. Dois cientistas australianos são responsáveis por identificar a e associar a bactéria às doenças, mas só foram reconhecidos pela descoberta após mais de 20 anos.
Barry J. Marshall e J. Robin Warren ganharam o Prêmio Nobel de Medicina em 2005, mas a descoberta veio muito antes do reconhecimento. Foi em 1982 quando descobriram que a inflamação, a gastrite e a úlcera de estômago são causadas pela bactéria. Os dois, no entanto, tiveram a pesquisa rejeitada, e só em 2005 – com o prêmio – foram mundialmente reconhecidos pelo trabalho. É o que conta o diretor do centro de endoscopia da Clínica Scope, Dr. Marcelo Cury.
“A questão é que no fim da década de 70, começo da década de 80, eles identificaram que havia uma bactéria no estômago, e ninguém acreditava que pudesse existir. Eles foram ridicularizados, um deles até tomou a cultura da bactéria pra ver se causava alguma doença”, relata Marcelo, que é doutor em Gastrenterologia e Endoscopia pela Universidade Federal de São Paulo.
“Eles identificaram que essa bactéria está associada a 90% das úlceras gástricas e a 80% das úlceras duodenais. E quando a gente erradica essa bactéria a úlcera não volta. Posteriormente, identificaram que essa bactéria é um fator importante no câncer gástrico e os estudos levaram a conclusão que erradicar a bactéria também protege do câncer gástrico. Por isso tudo eles ganharam um prêmio Nobel”, comenta.