Cirrose Hepática - Causas, Sintomas e Tratamentos


Cirrose Hepática

O que é

É uma doença crônica que acomete o fígado decorrente da agressão persistente ao longo de vários anos, levando a diminuição ou perda total das sua funções (falência hepática) que são essenciais a vida, tais como produção de proteínas, metabolização de toxinas e drogas, armazenamento de glicose, produção de colesterol, produção de bile, síntese de fatores da coagulação, armazenamento de ferro e vitaminas lipossolúveis (A, D e K), Vit B12 e minerais (zinco, cobre e magnésio). Quando isso acontece, o processo de reparação do órgão á agressão leva a substituição do tecido normal por tecido cicatricial (fibrose), formando nódulos que causam alteração da arquitetura do órgão.

 

Causas

As causa mais comuns de cirrose hepática no Brasil e no mundo são secundárias ao uso abusivo do álcool, Hepatite B e C, e doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA).

• Cirrose alcoólica: O consumo excessivo, diário e prolongado de álcool (60 g/dia para homens e 40 g/d para mulheres) pode levar ao desenvolvimento de lesões permanentes no fígado.

• Hepatites virais (B,C e Delta): A infecção pelo vírus da hepatite B cura em cerca de 80% dos casos, ao contrário da infecção pelo vírus C ,que evoluiu para a forma crônica em 80% dos casos. Atualmente existem medicamentos eficazes para o tratamento da  hepatite C com altas taxas de cura, chegando a mais 90%. A expectativa é de que nós próximos anos a cirrose hepática por hepatite C diminua drasticamente.  A hepatite Delta ocorre em pacientes  já infectados pelo vírus da hepatite B, bastante comum na região Norte do país.

• Doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA): Obesidade, diabetes tipo 2, dislipidemia (aumento de colesterol e triglicérides), hipotireoidismo, desnutrição grave e alguns medicamentos podem também levar ao depósito de gordura no fígado (esteatose hepática), que em graus mais avançados pode evoluir para esteato-hepatite e, fibrose e cirrose.

Outras causas:

• Doenças metabólicas: decorrentes de erros congênitos do metabolismo e que acometem, preferencialmente, crianças ou adultos jovens, como galactosemia, tirosinemia; doença de Wilson, Hemocromatose, deficiência de alfa-l-antitripsina e outras.

• Fibrose cística.

• Colangite esclerosante primária.

• Cirrose biliar primária

• Hepatite por drogas ou medicamentos.

• Hepatite autoimune

• Criptogênica (sem causa definida):cerca de 10% a 20% das cirroses permanecem com a etiologia indeterminada

• Trombose de veias hepáticas

Complicações da doença:

• Hipertensão portal: Todo o sangue que vem do sistema digestivo (estômago, intestinos, pâncreas) e do baço passa obrigatoriamente pelo fígado antes de seguir para o resto do corpo. Todas as veias destes órgãos desembocam em uma única grande veia do fígado, chamada sistema porta ou veia porta. Quando a cirrose está estabelecida, há um aumento da pressão na veia porta secundária ás alterações estruturais do órgão, dando início a um processo chamado hipertensão portal.A hipertensão portal leva á formação de varizes no esôfago, estômago e reto, que quando calibrosas podem causar sangramentos digestivos graves. Além disso, juntamente com a produção insuficiente de proteínas pelo fígado doente causa a formação de ascite (acúmulo de líquidos no abdômen).

• Encefalopatia hepática: São alterações neuropsiquiátricas, potencialmente reversíveis, caracterizadas por mudanças na personalidade e no comprometimento da cognição, da função motora e do nível de consciência, decorrentes da incapacidade do fígado de metabolizar neurotoxinas (amônia). O paciente pode apresentar desde pequenas alterações mentais, até sonolência, desorientação ou coma nos casos mais garves.

• Esplenomegalia (aumento do baço): O baço é um órgão responsável, dentre outras coisas, por eliminar as células do sangue que já estão velhas. Cada vez que o sangue passa pelo baço, milhares de células são removidas para que haja espaço para a chegada de novas hemácias, plaquetas e leucócitos recém-produzidos. Na hipertensão portal, o sangue que deveria sair do baço para o fígado, fica congestionado e permanece mais tempo dentro do próprio baço, que acaba por eliminar mais células sanguíneas do que seria necessário, causando desta forma, anemia, plaquetopenia e leucopenia (leucócitos baixos). Esta condição é chamada de hiperesplenismo.

• Síndrome Hepatorenal: É um tipo de insuficiência renal que ocorre em decorrência da insuficiência hepática sem alteração morfológica do rim. Ocorre em estágios avançados da cirrose hepática.

• Síndrome Hepatopulmonar e portopulmonar: A síndrome hepatopulmonar é uma doença que ocorre em cerca de 1/3 dos pacientes com cirrose descompensada Apresenta-se como uma tríade: doença hepática, dilatação vascular intrapulmonar e hipoxemia arterial (baixa oxigenação no sangue). O tratamento para esta complicação é o transplante hepático. A hipertensão portopulmonar ocorre em pacientes com cirrose hepática e hipertensão portal, levando á um aumento de pressão na artéria do pulmão, que leva á um quadro de insuficiência cardíaca do lado direito. É um quadro grave, que dependendo do grau pode ser tratado com medicações específicas.

• Hepatocarcinoma (câncer primário do fígado): pacientes com cirrose hepática tem cerca de 30% de chance de desenvolver hepatocarcinoma, principalmente se a cirrose for secundária á hepatite B, hepatite C, DHGNA, álcool  ou por hemocromatose. O tratamento curativo é o transplante hepático.

• Infecções bacterianas: As infecções bacterianas em pacientes com cirrose são uma complicação grave que requer reconhecimento precoce e tratamento específico imediato, pois tem impacto na sobrevida . Estudos mostram que 32-34% dos cirróticos desenvolvem infecção bacteriana na admissão ou durante uma hospitalização e na presença de sangramento digestivo este índice aumenta para 45%. As mais comuns são: peritonite bacteriana espontânea, infecção do trato urinário, pulmão, pele e tecidos moles .

• Desnutrição e sarcopenia: Na cirrose hepática  há má-absorção de nutrientes por diminuição do fluxo de bile e do edema intestinal, redução do estoque hepático de vitaminas hidrossolúveis e micronutrientes, redução do metabolismo hepático e muscular pelo aumento das citocinas e  balanço alterado de hormônios que mantém a homeostase metabólica (insulina, glucagon e hormônios tireoidiano), levando desta forma á um quadro de desnutrição grave e sarcopenia (perda de músculos), muitas vezes irreversível.

Sintomas

• Assintomático, ou com sintomas inespecíficos como fadiga, cansaço, anorexia (perda do apetite)

• Inchaço: edema nas pernas, acúmulo de líquido na barriga (ascite) e pulmão (derrame pleural)

• Icterícia: pele e olhos amarelos

• Alterações hormonais: mulheres posem parar de menstruar, homens podem ter impotência sexual, ginecomastia (mamas aumentadas) e diminuição de pelos axilares e pubares, atrofia de testículos

• Equimoses e sangramentos espontâneos

• Eritema palmar: palmas das mãos avermelhadas

• Baqueteamento digital: unhas mais anguladas, dando o aspecto de baquetas aos dedos).

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico, na maioria do casos, é feito através da história clinica, exame físico, exames de sangue e ultrassonografia do abdômen superior. A biópsia hepática é indicada em casos específicos. O tratamento curativo da cirrose é o transplante hepático (TXH), onde o fígado cirrótico é substituído (por um fígado inteiro, no caso de doador cadáver, ou de parte dele, no caso de transplante intervivos). O TXH é indicado para pacientes que tem complicações da doença que não respondem ao tratamento clínico ou que tem câncer de fígado.

Prevalência da cirrose no Brasil e no mundo

Até 2015 a cirrose afetava cerca de 2,8 milhões de pessoas em todo o mundo, tendo sido a causa de 1,3 milhões de mortes. Entre estas, o álcool foi a causa de 348 000 casos, a hepatite C de 326 000 e a hepatite B de 371 000, mas a cirrose por DHGNA também vem crescendo nos últimos anos. No Brasil não se tem uma estimativa da prevalência da doença, sabe-se que  a cirrose é responsável por cerca de 40.000 internações hospitalares e por uma mortalidade de 12,6 % por 100 mil habitantes.

Fonte: Hospital Israelita

Observação: as informações exibidas descrevem o que geralmente acontece com uma condição clínica, mas não se aplicam a todas as pessoas. Essas informações não são uma consulta médica. Portanto, entre em contato com um profissional da área de saúde se você apresentar um problema médico. Se você acredita ter uma emergência médica, ligue para seu médico ou para um número de emergência imediatamente.



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